quinta-feira, 7 de maio de 2015

ESTRADA REAL – CAMINHO VELHO

ESTRADA REAL – CAMINHO VELHO
De Ouro Preto a Parati
(27/06/2014 a 11/07/2014)


Esse projeto teve início com a insistência do Tuca para fazermos o trajeto da Estrada Real de bike nas férias de meio de ano de 2014, durante a Copa do Mundo.

Para não tumultuar a viagem, combinamos um grupo fechado de 10 bikers.

Após diversas reuniões, com a participação de todos os aventureiros (eu, Alex, Antero, Betinho, Tuca, Laura, Luiz, Sandra, Flavio e Rafael), decidi comprar o guia idealizado pelo Olinto. Desde já, para aqueles que pretendem fazer esse tipo de cicloviagem, aviso que é fundamental ter em mãos esse guia.

Essas reuniões foram proveitosas para acertarmos o dia de saída, a compra das passagens de ônibus até Ouro Preto, alguns detalhes dos custos da viagem, e outros pequenos detalhes.

Numa reunião na casa da Sandra e do Luiz (exatamente no dia do jogo Brasil x México) regado a um ótimo Bourbon, eu e o Luiz idealizamos passo a passo nossa viagem, levando em consideração a distância a ser percorrida em cada etapa, a altimetria do trecho e a existência de pousadas nas pequenas cidades do caminho.
O Tuca desenhou uma camisa de ciclista com o motivo da viagem e eu arrumei o patrocinador que bancou as camisas de todos nós.

Optamos por fazer nossa cicloviagem em 11 etapas, com um dia de descanso na cidade de Ouro Preto em razão da cansativa viagem de ônibus (11 horas e meia) e outro dia em Carrancas. Essa última parada foi uma sugestão dada pela Sandra, o que possibilitaria não só um descanso para todos, como também conhecer as famosas cachoeiras desta belíssima região.

Feito tudo isso, no final da tarde de 27/06/2014,  começou nossa viagem. Uma turma saiu da casa do Tuca ali na Vila Madalena (Tuca, Laura, Betinho, Sandra e Luiz). No caminho me encontrei com eles e seguimos pedalando pela Av. Sumaré onde já nos esperavam o Flavio e o Rafael. O Antero chegou em seguida, bem como o Alex, trazido pela nossa amiga Luzia.

Em comboio, rumamos pedalando para a rodoviária para embarcar rumo à nossa saga, onde daríamos início à primeira etapa programada, não sem antes tomar um chopp de despedida e tirar aquelas fotos tradicionais.


1º dia: Ouro Preto (28/06).

Nesse primeiro dia, chegando em Ouro Preto, fomos direto para o hostel indicado pelo Antero. O lugar não era dos mais chiques, mas pelo preço que pagamos (R$ 38), não poderia se esperar nada melhor mesmo.
Guardamos as bikes e fomos conhecer a cidade. Era sábado, dia 28/07/2014. O Brasil iria jogar contra o Chile às 13 horas. Havia um telão montado na Praça Tiradentes. Como chegamos muito cedo, tivemos muito tempo disponível. Já de início o Alex percebeu que tinha esquecido seus óculos de grau no ônibus. O pessoal da empresa pediu para ele voltar na rodoviária às 19 horas. Conhecemos várias igrejas, tiramos muitas fotos, almoçamos perto da praça principal (R$ 33 por pessoa). O Betinho, como bom gourmet que é, era meio que “obrigado” a checar a comida antes, o que ocorreu em quase todos os dias. Fomo todos ver e comemorar a vitória do Brasil nos pênaltis. Vimos o jogo no telão que eu já mencionei. Apesar de estarmos em pleno inverno, a temperatura estava ótima. Parecia verão. Depois do jogo eu e o Alex ficamos num barzinho assistindo Colômbia x Uruguai. Depois de muitas Heinekens fomos para a rodoviária pegar os óculos. Chegamos em cima da hora e o motorista já estava indo embora com o ônibus. Foi questão de segundos. Esses óculos ainda vão dar o que falar, mas essa história vai ser contada mais à frente. Voltamos pra pousada e fomos dormir. Como se tratava de um hostel, tinha um cara dormindo no nosso quarto. No dia seguinte, quando saímos, o cara continuava lá, todo coberto. Depois de um café da manhã meia boca, arrumamos nossas malas e alforjes e começamos verdadeiramente nossa cicloviagem.


2º dia: Ouro Preto/Ouro Branco/Cons. Lafaiete (29/06)55 km
Saímos de Ouro Preto às 08h30min por trás da Estação de Trem. Esse caminho foi feito todo por asfalto, com subidas longas e intermináveis. Nesse trecho vc encontra o Conjunto Rancharia (pontes do século XIX). Passamos pela casa que dizem ter sido do Tiradentes (porém há relatos de que ele somente dormia por ali algumas vezes) e pela gameleira, uma árvore onde uma parte de seu corpo esquartejado ficou exposta para assustar a população da época. Foi um dia muito difícil. Muito calor e muita subida. Chegamos em Cons. Lafaiete no fim da tarde e fomos direto para o Hotel Lafaiete (R$ 39). Jantamos perto dali (Rest. Marron Glacê: R$ 70 filé mignon, cerveja e pinga para duas pessoas). Depois fomos todos dormir.


3º dia: Cons. Lafaiete/Queluzito/Casa Grande (30/06)30 km
De forma estratégica, considerando a altimetria e a existência de pousadas no caminho, combinamos de fazer um trecho um pouco mais curto. Em razão disso, aproveitamos a parte da manhã para conhecer a cidade de Congonhas, onde estão as maiores obras de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O povo local chama a Igreja de Bom Jesus de Matosinhos de Basílica. Como estávamos muito perto da rodoviária, optamos por ir de ônibus até Congonhas. A viagem é curta e valeu muito a pena esse passeio. Não deixe de ir. Comemos um pequeno lanche na volta, arrumamos as coisas e rumamos para Queluzito. É uma pequena cidade na beira da estrada. Passamos direto sentido Casa Grande onde chegamos por volta de 18 hs. Grande parte desse trajeto foi feito por terra. Como a Laura estava cansada, o Tuca acabou carregando a mochila dela, o que também dificultou para ele esse pedaço da viajem. Na pousada indicada no guia do Olinto não havia vagas. Foi indicada a casa da Dª Madalena. Perfeito. Uma casa ampla, com acomodação para todos (R$ 50, que o Flavio conseguiu desconto para R$ 35). Apesar do cansaço do dia, a Laura e a Sandra fizeram questão de preparar o jantar para todos, dado que na localidade não existia restaurante. Arroz, feijão, salada e carne de panela. Saímos eu, a Sandra o Luiz, o Tuca, o Alex e o Betinho para fazer compras. Chegamos numa casa onde havia um tipo de açougue nos fundos. A Sandra escolheu a carne e enquanto o dono limpava, nós tomamos uma cachacinha local. Compramos uma garrafa de 2 litros de pinga (R$ 2) que durou uns três dias de viagem e pegamos alguns limões rosa no pé. A comida ficou sensacional, e a confraternização foi apropriada para a ocasião. A noite estava totalmente estrelada e linda, mas fria. A colhida foi tão generosa, que decidimos “cancelar” o desconto e pagamos um pouco mais cada um para a Dª Madalena.


4º dia: Casa Grande/Bandeirinha/Prados (01/07)45 km
Saímos às 8hs, estava bem frio. O trajeto todo de terra nos levou a Bandeirinha, que é uma pequena vila pertencente à Lagoa Dourada. Paramos num mercadinho na beira da estrada e comemos um lanche. Depois do descanso, rumamos para Prados (conhecida pelos locais por Penico, mas não é bom falar isso lá). Entramos pela Vila Carassa, que mantém vários ateliês onde são feitas esculturas enormes em madeira de leões e outros animais. Saímos pelo meio dos ateliês e fomos para Prados descendo uma pirambeira de terra e areia, onde chegamos por volta das 16 hs. Paramos na praça central, comemos pastel e lanches. Eu e o Tuca fomos atrás de pousada. Um motorista nos levou até a pousada da mãe dele, mas achamos um pouco distante e só tinha camas de casal. Não funcionou. O mesmo motorista nos levou então a um Apart Hotel que era lindo (o mesmo indicado no guia). Optamos por ficar ali mesmo (R$ 70). Num apartamento ficou eu, o Alex, o Antero, o Betinho o Tuca e a Laura. Em outro o Luiz e a Sandra. No outro o Flavio e o Rafael. Nos reunimos todos no ap. maior e pedimos pizza. Foi a maior roubada. Pizza não combina com Minas Gerais, ainda mais se vc é de São Paulo. Nosso próximo destino era São Sebastião da Vitória, a cidade do pão de queijo. Segundo o guia, só há uma única pousada na cidade, pelo que, eu já havia feito reserva com a Dª Fátima antes do início de nossa aventura. Combinamos com o motorista que nos auxiliou de levar nossa bagagem, o que facilitaria demais o pedal no dia seguinte.

5º dia: Prados/Tiradentes/S.J.Del Rey/S.S. da Vitória (02/07) 53 km
Saímos de Prados por volta de 9hs, após um ótimo café da manhã. Já na saída, após uma enorme subida dentro da cidade, chega-se a um lindo Parque Estadual que nós atravessamos numa boa. Após muita subida, chegamos ao povoado conhecido por Rio das Mortes. Seguimos e chegamos a Tiradentes, uma das cidades mais bonitas do trajeto. Vale a pena voltar. A igreja local é linda. Na sequência passamos por São João Del Rey. É uma cidade muito grande. Não ficamos muito ali. Paramos para comer um pastel frito na hora, vimos duas igrejas e seguimos em frente. Começamos a ficar preocupados com o adiantar da hora e tivemos que pegar a BR, pedalando pelo acostamento. Passam muitos caminhões e esse trecho é um pouco perigoso. Em certo momento, o guia nos remete para uma estrada de terra no lado oposto da estrada. Percebemos que fazendo esse caminho, nossa viagem aumentaria em 10 km. A maioria concordou e seguimos pela terra, saindo da BR. Nesse ponto, acho que por uma falha minha (eu levava o guia do Olinto preso na bike e determinava o trajeto), talvez devido ao cansaço, entramos errado numa bifurcação, o que fez com que nós pedalássemos por um caminho errado. Num sítio, o caseiro nos orientou a voltar por um pequeno trecho de terra que nos levou de volta à BR, próximo ao ponto onde já tínhamos passado. Optamos por seguir pelo acostamos, já que faltavam cerca de 5km para chegarmos à cidade. Começou a escurecer e o Alex amarou nossa única lanterna no bagageiro, para que os caminhões nos vissem. Quando chegamos na Pousada Vitoria (R$ 25), que fica na beira da estrada, já estava totalmente escuro. Fomos muito bem recebidos pela Fátima. A pousada era bem simples. Apenas não se podia ligar alguns chuveiros ao mesmo tempo que o disjuntor caía. Fomo comer num pequeno restaurante self service na própria BR (Joãozinho e Maria: R$ 11,90 por pessoa). Comemos muito bem. Combinamos com uma amiga da Fátima de levar nossas malas para a próxima cidade. Como as águas das represas estavam baixas nessa época, conseguimos informação de que a balsa que teríamos que usar para atravessar essa represa estava funcionando. A Ana (que vai aparecer mais à frente) conseguiu fazer reservas na Pousada Candeias em Carrancas.

6º dia:S.S.da Vitória/Caquende/Capela do Saco/Carrancas (03/07) 53 km
Saímos bem cedo. Acho que 8 hs. Nossa preocupação inicial era com a balsa entre Caquende e Capela do Saco, pois ela para entre 12/14hs. Antes de sair de S.S. da Vitória, fizemos uma parada quase que obrigatória no Rei do Pão de Queijo (o que eu comprei era recheado com pernil). Guardamos o pão de queijo para comer no caminho e seguimos para Caquende, que é uma pequena vila com alguns artesãos que fazem escultura em pedra sabão. Chegamos e atravessamos a balsa por volta de 11hs. Do outro lado da Represa dos Camargos, já em Capela do Saco, paramos na Pousada Reis para comer os pães de queijo e tomar um refrigerante. Seguimos depois direto para Carrancas. A serra antes da cidade é uma atração à parte. É toda de rocha, com uma areia muito branca que até parece uma praia. Aqui não se pedala, empurra a bike montanha acima. Nesse ponto, o calor era muito grande. E o Flavio pedalou quase que o tempo todo agasalhado dos pés ao pescoço, literalmente. Encontramos um tipo de corredeira de água que terminava numa caixa d’água. Paramos para beber, lavar o rosto e limpar as correntes das bikes. Aqui o Alex acabou perdendo de vez seus óculos (o mesmo que ele havia esquecido no ônibus no primeiro dia), o que ele só foi perceber quando tínhamos quase chegado à Carrancas. Chegamos bem no nosso destino, mais ou menos às 17 hs. A pousada escolhida era muito bonita, do tipo rústica. Bem acolhedora. Mal chegamos e o Luiz já estava sentado em um banco, rodeado de “loiras geladas”. O Alexandre (proprietário) indicou o restaurante Massaroca, que fica na parte superior da praça principal. Comemos muito bem. Só o Tuca e o Betinho é que preferiram comer lanche no quiosque da praça. Quando eu, o Alex e o Antero pagamos nossa conta, vimos que todos já tinham ido embora sem nos esperar. Saímos do restaurante em direção à pousada. No caminho paramos num butequinho que tocava sertaneja para tomar a famosa “saideira”.  E foi um monte de Heineken com cachaça, ouvindo Ventania cantando Cogumelos Azuis, que acabou virando a trilha sonora de nossa cicloviagem (o Rafa conhecia a música e daí pra frente passou a cantar pra todos). Fomos dormir um pouco “zuados”.

7º dia: dia livre em Carrancas (04/07)
Como já estava determinado, tiramos esse dia para descansar e conhecer um pouco as cachoeiras de Carrancas. Bem cedo chegaram a Ana, a Drica e a Pat. Elas vieram de ônibus até uma cidadezinha próxima e pedalaram uns 30 km para encontrar com a gente na pousada. No caminho, elas foram acompanhadas por 3 cachorros durante todo o percurso. Acordamos um pouco mais tarde nesse dia, lavamos as bikes, lubrificamos as correntes e fomos a pé até uma cachoeira próxima. No caminho fizemos uma reserva no restaurante Recanto para almoçar e assistir ao jogo Brasil x Colômbia. Boa opção. Brasil 2 x 1, acompanhado de muitas caipirinhas. Um pouco antes, eu vi o Betinho encostado em um poste, que me fez pensar que ele não estivesse bem, por conta do diabetes. Mas era efeito da “marvada” mesmo. Após o jogo, o local virou uma roda de samba. Como a Sandra ganhou o bolão, fomos brindados por ela com várias rodadas de Heineken. Um dos cachorros que acompanharam as meninas tinha montado acampamento na porta desse restaurante, porém, ele desapareceu depois do jogo. Comemos um lanche à noite na praça e fomos dormir, porque tinha pedal no dia seguinte. A Pat teve que ser “escorada” para conseguir chegar na pousada, fora a “bronca” do Betinho em todos, pois no dia seguinte teríamos uma jornada um pouco cansativa pela frente (a pousada Candeias foi ótima. R$ 54,00 por pessoa).

8º dia: Carrancas/Cruzilia (05/07) 58 km

Esse trecho passa em frente à Fazenda Traituba, que teria sido construída no século XIX para Hospedar D. Pedro II.  Segundo as pessoas locais, essa fazenda hoje pertence ao filho do Lula e ao banqueiro Daniel Dantas. Por relatos que colhemos na internet, esse trecho da viajem seria um local onde não se encontra água nem lanche em quase todo seu percurso, o que dificultaria um pouco essa travessia. Porém, bem no meio do caminho, no local em que o guia do Olinto chama de Vista Alegre (acho que no km 23,82) o Sr. Waldir está montando um bar de apoio aos viajantes, onde conseguimos encontrar água e refrigerantes. Logo em seguida chegamos à Fazenda Traituba. Trata-se de uma fazenda da época do império, que ninguém pode chegar perto. Fotos só de longe. Seguimos direto para Cruzilia, onde ficamos na Pousada Real (indicação do Alexandre Cicarelli, dono da pousada em Carrancas). Fomos muito bem recepcionados pela atendente Cintia, que nos indicou também um ótimo restaurante (o Lelinho). Aqui, cuidado na pousada. Cobraram até para centrifugar as roupas que lavamos no tanque. Isso gerou um enorme bate boca. Mas, tudo foi resolvido.

9º dia: Cruzilia/Baependi/Caxambu/Pouso Alto (06/07) 62 km
Saímos cedo de Cruzilia em direção a Baependi. Estava havendo comemoração pela beatificação de Nhá Chica. O caminho foi muito tranquilo. Chegando em Caxambu a Drica e a Pat seguiram para a rodoviária com destino a São Paulo, já deixando saudades. A Ana continuou com a gente. Aqui tem que se tomar um pouco de cuidado com a informação do guia (o bar do Joel é um butequinho de esquina, bem escondido, que nem mais pertence a ele; esse é o ponto onde tem que entrar à esquerda, subindo em direção a Pouso Alto). Na entrada da cidade há um hotel tipo 5 estrelas, muito bonito. Ficamos na Pousada Estrada Real, bem perto de uma praça na entrada da cidade. Esse foi o hotel mais gelado de todo o caminho. Tivemos que subir uns 3 lances de escada para guardar as bikes. Fomos comer na beira da BR, no BR lanches. Ótima comida (PF e guaranita) e preço justo.

10º dia: Pouso Alto/Itanhandu/Passa Quatro/Cachoeira Paulista (07/07) 65 km
Iniciamos nossa jornada em direção a Itanhandu e Passa Quatro. Nessa cidade fizemos uma parada numa loja de bike acima da média. Paramos na antiga estação de trem para as tradicionais fotos e rumamos para Cachoeira Paulista. No caminho, é passagem obrigatória por Garganta do Embaú e Bairro do Embaú. Pela altimetria constante do guia, nesse ponto há uma descida de 16 km, o que fez com que eu o Luiz organizássemos um pedal um pouco mais longo, em razão dessa descida. Porém, é uma pirambeira muito perigosa. Em alguns trechos é necessário cuidado redobrado, dada a inclinação do local. Como todos tivemos que descer muito devagar, isso fez atrasar nossa chegada ao destino final. Mais um pouco à frente existe um sem número de granjas, que apresenta um visual estranho ao local (fora o cheiro característico e o barulho interminável dos frangos). Chegamos em Cachoeira Paulista por uma estrada asfaltada, e tivemos que atravessar a cidade inteira para chegar na Pousada Mantiqueira (R$ 50,00). Ótima pousada com excelente café da manhã. Talvez o melhor de todo o circuito. Ao lado da pousada havia um tipo de feirinha/quermesse onde à noite comemos sanduiche de pernil. Estava tudo muito bom.


11º dia: Cachoeira Paulista/Lorena/Guaratinguetá  (08/07) 32km

Não acordamos muito cedo nesse dia. Logo na saída, optamos por parar numa bicicletaria próxima à pousada, porque minha bike estava sem freios e as pastilhas que eu levei não encaixavam direito. Coisas da China. O Rubens da bicicletaria penou para ajustas, mas a sugestão do Betinho foi precisa: põe uma pastilha nova com uma usada. Ficou perfeito. O Flavio aproveitou a parada e trocou o movimento central da bike dele, enquanto que o Alex passava uma água em todas as bikes. Isso tudo atrasou um pouco nossa viagem. Passamos por fora de Lorena e seguimos para Guaratinguetá. Logo após Lorena, começou uma leve chuva que complicou demais nossa jornada. Como não chovia há tempos nessa região, essa pequena chuva fez a poeira alta que havia na estrada se transforma num tipo de pasta de lama, que acabou grudando na parte baixa do quadro e no pedivela das bikes, o que quase fez a todos empurrar a bike por alguns quilômetros. Era obrigatório limpar os pneus e o quadro a cada 50 metros. Impossível de pedalar. Nesse ponto da viagem, a Marina, mulher do Flavio, veio de São Paulo nos encontrar em Guará. Chegamos todos enlameados na porta do Hostel (R$ 55,00). Eu e o Alex começamos a lavar todas as bikes, porque tinha muito barro grudado. Como eu havia trocado recente o cubo da roda traseira, a roda desalinhou inteira nesse dia. Fui até uma bicicletaria na mesma rua e o cara alinhou a roda na hora. Parei todo enlameado num tipo de mercearia do lado e o Luiz, dono do local, me chamou para tomar uma cachaça e bater papo. Comprei cerveja para todos e combinamos de assistir o jogo Brasil x Alemanha ali mesmo. Tomamos banho e fomos ver o jogo. A Ana, mulher do Luiz, preparou uns pães de batata e uma panceta para vermos o jogo. Vimos só o primeiro tempo. No intervalo, depois da tragédia que se aproximava (7 x 1), fomos comer num dos únicos restaurantes (meia boca) que permaneceu aberto na hora do jogo. Passamos na Igreja de Santo Antonio e fomos para o Hostel dormir.

12º dia: Guaratinguetá/Cunha (09/07) 47 km

Fomos cedo para Cunha. A Ana teve que retornar para São Paulo, indo para a rodoviária. A Marina seguiu de carro para Cunha levando nossa bagagem. Esse trajeto é todo feito por asfalto. O tempo estava bom e chegamos em Cunha por volta de 15hs. Muita subida. A Marina arranjou uma ótima pousada (Pousada Vila Rica, R$ 50,00). Depois de ajeitar nossas coisas e tomar banho, fomos de carro para uma churrascaria que fica no portal da cidade (Churrascaria Portal). R$ 34,00 por pessoa. Os gaúchos abriram a casa só para nós. Comemos muito bem. No início da noite começou a chover, o que nos deixou muito preocupado com o último dia de nossa viagem, já que havia uma incógnita em relação à descida para Parati, pois ninguém sabia como estava o local.

13º dia: Cunha/Parati (10/07) 46 km

Acordamos cedo e o tempo estava horrível. Chovia fraco, mas constante. E fazia um pouco de frio. Durante o café da manhã chegamos a desistir de seguir em frente. Porém, depois que o Tuca conversou com um guia local, decidimos tocar para Parati, para encerrar nossa tão sonhada viagem. Como ninguém conhecia esse trecho, e pelos relatos que lemos na internet (todos falavam das dificuldades que íamos enfrentar), a Marina optou por ir por outro caminho, e nós seguimos pelo trecho direto para Parati. Muita subida na parte asfaltada até a divisa São Paulo/Rio de Janeiro. Dali pra frente é uma descida de 23 km. A primeira parte era de lajota, perfeitamente assentada, sem muita inclinação. Tudo muito bonito e organizado. Ao fim da lajota, o caminho vira terra batida, bem pavimentada. Chovia constantemente nesse trecho, e fazia muito frio. Todo mundo de capa. Mais à frente, a estrada se tornava uma verdadeira trilha, ótima para mountain bike, íngreme, com muitas pedras e poças. Devido ao frio intenso, fizemos uma parada no único butequinho que existe na descida. Cachaça e Gabriela (pinga com cravo e canela) para todos, para espantar um pouco o frio. Logo depois começa o trecho asfaltado que vai até a cidade de Parati. Chegamos na cidade eufóricos, com as ruas alagadas. Fomos direto até a igreja principal e depois até uma igrejinha que existe de frente para o mar. Foto tradicional de conclusão do pedal. O odômetro da bike do Antero marcava 591 km. Para quem achava que a Laura não iria conseguir completar o percurso inteiro, ela estava ali, toda sorridente e feliz – como todos nós. Depois de muitos abraços e alguns soluços, fomos para a pousada que a Marina, o Flavio e o Rafa iam ficar. Acho que eram 16hs. Nosso ônibus ia sair só as 23h30minhs. O dono da pousada foi muito legal e permitiu que todos tomassem banho lá. Depois do frio, um ótimo banho quente. No restaurante que existe nos fundos da pousada, fizeram um caldo verde no fogão de lenha, que acabou de vez com nosso frio e fome, lógico que com a ajuda de uma cachaça de Parati, uma das melhores de todo o caminho. À noite, a chuva já havia parado e fomos para a rodoviária por volta das 10hs. No embarque houve uma certa tensão, pois o motorista queria que as bikes estivesses encaixotadas e com as notas fiscais. Depois de muita conversa, tudo certo, bikes no maleiro e todo mundo dormindo, sonhando com tudo o que passamos nessas duas maravilhosas semanas.

Esse é meu relato dessa maravilhosa viagem. Obrigado a todos que participaram dessa inesquecível e tão sonhada aventura.

Escrito por Fábio (Tarzan).



2 comentários:

Anônimo disse...

Amigos Bikers,valeu cada centímetro de pedal que fiz na companhia de todos,sem duvida fomos um grupo unido somando alegria ,felicidade, companheirismo e respeito em toda a viagem,me sinto privilegiado por estar com esse grupo e conhecer lugares que são históricos e marcantes,Estrada Real é gratificante porque é nosso,é no meu País e não perde para nenhum lugar porque não tem só blza e sim historia, na Estrada Real,o biker não tem molesa,ciclovia,ciclofaixa,luxo,e mordomia,tem perrengue, subidas interminaveis tem de tudo,mais junto com esse grupo só tivemos alegrias,valeu galera agora será nossa segunda etapa,CAMINHO DOS DIAMANTES, essa será mais uma do nosso grupo que vai para historia.a todos um forte abraço e estamos juntos e fechados para mais uma aventura...TUCA.!
PS. o guia ja esta comprado ,,ok

jefferson cannes disse...

Que esperiência maravilhosa , parabéns pela organização e disciplina.
Meu sonho é fazer uma aventura dessas.
História para contar aos filhos e netos , a estrada é a vida ..e a vida é a estrada..e aí se vive de verdade sentindo as dores e o gosto da vida ....


Feicidades a todos !