ESTRADA REAL – CAMINHO VELHO
De Ouro Preto a Parati
(27/06/2014 a 11/07/2014)
Esse projeto teve início com
a insistência do Tuca para fazermos o trajeto da Estrada Real de bike nas
férias de meio de ano de 2014, durante a Copa do Mundo.
Para não tumultuar a viagem,
combinamos um grupo fechado de 10 bikers.
Após diversas reuniões, com a
participação de todos os aventureiros (eu, Alex, Antero, Betinho, Tuca, Laura, Luiz,
Sandra, Flavio e Rafael), decidi comprar o guia idealizado pelo Olinto. Desde
já, para aqueles que pretendem fazer esse tipo de cicloviagem, aviso que é
fundamental ter em mãos esse guia.
Essas reuniões foram
proveitosas para acertarmos o dia de saída, a compra das passagens de ônibus
até Ouro Preto, alguns detalhes dos custos da viagem, e outros pequenos
detalhes.
Numa reunião na casa da
Sandra e do Luiz (exatamente no dia do jogo Brasil x México) regado a um ótimo
Bourbon, eu e o Luiz idealizamos passo a passo nossa viagem, levando em
consideração a distância a ser percorrida em cada etapa, a altimetria do trecho
e a existência de pousadas nas pequenas cidades do caminho.
O Tuca desenhou uma camisa de
ciclista com o motivo da viagem e eu arrumei o patrocinador que bancou as
camisas de todos nós.
Optamos por fazer nossa cicloviagem
em 11 etapas, com um dia de descanso na cidade de Ouro Preto em razão da
cansativa viagem de ônibus (11 horas e meia) e outro dia em Carrancas. Essa
última parada foi uma sugestão dada pela Sandra, o que possibilitaria não só um
descanso para todos, como também conhecer as famosas cachoeiras desta belíssima
região.
Feito tudo isso, no final da
tarde de 27/06/2014, começou nossa
viagem. Uma turma saiu da casa do Tuca ali na Vila Madalena (Tuca, Laura,
Betinho, Sandra e Luiz). No caminho me encontrei com eles e seguimos pedalando
pela Av. Sumaré onde já nos esperavam o Flavio e o Rafael. O Antero chegou em
seguida, bem como o Alex, trazido pela nossa amiga Luzia.
Em comboio, rumamos pedalando
para a rodoviária para embarcar rumo à nossa saga, onde daríamos início à
primeira etapa programada, não sem antes tomar um chopp de despedida e tirar
aquelas fotos tradicionais.
1º dia: Ouro Preto (28/06).
Nesse primeiro dia, chegando
em Ouro Preto, fomos direto para o hostel indicado pelo Antero. O lugar não era
dos mais chiques, mas pelo preço que pagamos (R$ 38), não poderia se esperar
nada melhor mesmo.
Guardamos as bikes e fomos
conhecer a cidade. Era sábado, dia 28/07/2014. O Brasil iria jogar contra o
Chile às 13 horas. Havia um telão montado na Praça Tiradentes. Como chegamos
muito cedo, tivemos muito tempo disponível. Já de início o Alex percebeu que
tinha esquecido seus óculos de grau no ônibus. O pessoal da empresa pediu para
ele voltar na rodoviária às 19 horas. Conhecemos várias igrejas, tiramos muitas
fotos, almoçamos perto da praça principal (R$ 33 por pessoa). O Betinho, como
bom gourmet que é, era meio que
“obrigado” a checar a comida antes, o que ocorreu em quase todos os dias. Fomo
todos ver e comemorar a vitória do Brasil nos pênaltis. Vimos o jogo no telão
que eu já mencionei. Apesar de estarmos em pleno inverno, a temperatura estava
ótima. Parecia verão. Depois do jogo eu e o Alex ficamos num barzinho
assistindo Colômbia x Uruguai. Depois de muitas Heinekens fomos para a
rodoviária pegar os óculos. Chegamos em cima da hora e o motorista já estava
indo embora com o ônibus. Foi questão de segundos. Esses óculos ainda vão dar o
que falar, mas essa história vai ser contada mais à frente. Voltamos pra
pousada e fomos dormir. Como se tratava de um hostel, tinha um cara dormindo no
nosso quarto. No dia seguinte, quando saímos, o cara continuava lá, todo
coberto. Depois de um café da manhã meia boca, arrumamos nossas malas e
alforjes e começamos verdadeiramente nossa cicloviagem.
2º dia: Ouro Preto/Ouro
Branco/Cons. Lafaiete (29/06)55 km
Saímos de Ouro Preto às 08h30min
por trás da Estação de Trem. Esse caminho foi feito todo por asfalto, com
subidas longas e intermináveis. Nesse trecho vc encontra o Conjunto Rancharia
(pontes do século XIX). Passamos pela casa que dizem ter sido do Tiradentes
(porém há relatos de que ele somente dormia por ali algumas vezes) e pela
gameleira, uma árvore onde uma parte de seu corpo esquartejado ficou exposta
para assustar a população da época. Foi um dia muito difícil. Muito calor e
muita subida. Chegamos em Cons. Lafaiete no fim da tarde e fomos direto para o
Hotel Lafaiete (R$ 39). Jantamos perto dali (Rest. Marron Glacê: R$ 70 filé
mignon, cerveja e pinga para duas pessoas). Depois fomos todos dormir.
3º dia: Cons.
Lafaiete/Queluzito/Casa Grande (30/06)30 km
De forma estratégica, considerando
a altimetria e a existência de pousadas no caminho, combinamos de fazer um
trecho um pouco mais curto. Em razão disso, aproveitamos a parte da manhã para
conhecer a cidade de Congonhas, onde estão as maiores obras de Antonio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O povo local chama a Igreja de Bom Jesus de
Matosinhos de Basílica. Como estávamos muito perto da rodoviária, optamos por
ir de ônibus até Congonhas. A viagem é curta e valeu muito a pena esse passeio.
Não deixe de ir. Comemos um pequeno lanche na volta, arrumamos as coisas e
rumamos para Queluzito. É uma pequena cidade na beira da estrada. Passamos
direto sentido Casa Grande onde chegamos por volta de 18 hs. Grande parte desse
trajeto foi feito por terra. Como a Laura estava cansada, o Tuca acabou
carregando a mochila dela, o que também dificultou para ele esse pedaço da
viajem. Na pousada indicada no guia do Olinto não havia vagas. Foi indicada a
casa da Dª Madalena. Perfeito. Uma casa ampla, com acomodação para todos (R$
50, que o Flavio conseguiu desconto para R$ 35). Apesar do cansaço do dia, a
Laura e a Sandra fizeram questão de preparar o jantar para todos, dado que na
localidade não existia restaurante. Arroz, feijão, salada e carne de panela.
Saímos eu, a Sandra o Luiz, o Tuca, o Alex e o Betinho para fazer compras.
Chegamos numa casa onde havia um tipo de açougue nos fundos. A Sandra escolheu
a carne e enquanto o dono limpava, nós tomamos uma cachacinha local. Compramos
uma garrafa de 2 litros de pinga (R$ 2) que durou uns três dias de viagem e
pegamos alguns limões rosa no pé. A comida ficou sensacional, e a
confraternização foi apropriada para a ocasião. A noite estava totalmente
estrelada e linda, mas fria. A colhida foi tão generosa, que decidimos
“cancelar” o desconto e pagamos um pouco mais cada um para a Dª Madalena.
4º dia: Casa
Grande/Bandeirinha/Prados (01/07)45 km
Saímos às 8hs, estava bem
frio. O trajeto todo de terra nos levou a Bandeirinha, que é uma pequena vila
pertencente à Lagoa Dourada. Paramos num mercadinho na beira da estrada e
comemos um lanche. Depois do descanso, rumamos para Prados (conhecida pelos
locais por Penico, mas não é bom falar isso lá). Entramos pela Vila Carassa,
que mantém vários ateliês onde são feitas esculturas enormes em madeira de
leões e outros animais. Saímos pelo meio dos ateliês e fomos para Prados
descendo uma pirambeira de terra e areia, onde chegamos por volta das 16 hs.
Paramos na praça central, comemos pastel e lanches. Eu e o Tuca fomos atrás de
pousada. Um motorista nos levou até a pousada da mãe dele, mas achamos um pouco
distante e só tinha camas de casal. Não funcionou. O mesmo motorista nos levou então
a um Apart Hotel que era lindo (o mesmo indicado no guia). Optamos por ficar
ali mesmo (R$ 70). Num apartamento ficou eu, o Alex, o Antero, o Betinho o Tuca
e a Laura. Em outro o Luiz e a Sandra. No outro o Flavio e o Rafael. Nos
reunimos todos no ap. maior e pedimos pizza. Foi a maior roubada. Pizza não
combina com Minas Gerais, ainda mais se vc é de São Paulo. Nosso próximo
destino era São Sebastião da Vitória, a cidade do pão de queijo. Segundo o
guia, só há uma única pousada na cidade, pelo que, eu já havia feito reserva
com a Dª Fátima antes do início de nossa aventura. Combinamos com o motorista
que nos auxiliou de levar nossa bagagem, o que facilitaria demais o pedal no
dia seguinte.
5º dia:
Prados/Tiradentes/S.J.Del Rey/S.S. da Vitória (02/07) 53 km
Saímos de Prados por volta de
9hs, após um ótimo café da manhã. Já na saída, após uma enorme subida dentro da
cidade, chega-se a um lindo Parque Estadual que nós atravessamos numa boa. Após
muita subida, chegamos ao povoado conhecido por Rio das Mortes. Seguimos e
chegamos a Tiradentes, uma das cidades mais bonitas do trajeto. Vale a pena voltar.
A igreja local é linda. Na sequência passamos por São João Del Rey. É uma
cidade muito grande. Não ficamos muito ali. Paramos para comer um pastel frito
na hora, vimos duas igrejas e seguimos em frente. Começamos a ficar preocupados
com o adiantar da hora e tivemos que pegar a BR, pedalando pelo acostamento.
Passam muitos caminhões e esse trecho é um pouco perigoso. Em certo momento, o
guia nos remete para uma estrada de terra no lado oposto da estrada. Percebemos
que fazendo esse caminho, nossa viagem aumentaria em 10 km. A maioria concordou
e seguimos pela terra, saindo da BR. Nesse ponto, acho que por uma falha minha
(eu levava o guia do Olinto preso na bike e determinava o trajeto), talvez
devido ao cansaço, entramos errado numa bifurcação, o que fez com que nós
pedalássemos por um caminho errado. Num sítio, o caseiro nos orientou a voltar
por um pequeno trecho de terra que nos levou de volta à BR, próximo ao ponto
onde já tínhamos passado. Optamos por seguir pelo acostamos, já que faltavam
cerca de 5km para chegarmos à cidade. Começou a escurecer e o Alex amarou nossa
única lanterna no bagageiro, para que os caminhões nos vissem. Quando chegamos
na Pousada Vitoria (R$ 25), que fica na beira da estrada, já estava totalmente
escuro. Fomos muito bem recebidos pela Fátima. A pousada era bem simples.
Apenas não se podia ligar alguns chuveiros ao mesmo tempo que o disjuntor caía.
Fomo comer num pequeno restaurante self
service na própria BR (Joãozinho e Maria: R$ 11,90 por pessoa). Comemos
muito bem. Combinamos com uma amiga da Fátima de levar nossas malas para a
próxima cidade. Como as águas das represas estavam baixas nessa época, conseguimos
informação de que a balsa que teríamos que usar para atravessar essa represa estava
funcionando. A Ana (que vai aparecer mais à frente) conseguiu fazer reservas na
Pousada Candeias em Carrancas.
6º dia:S.S.da
Vitória/Caquende/Capela do Saco/Carrancas (03/07) 53 km
Saímos bem cedo. Acho que 8
hs. Nossa preocupação inicial era com a balsa entre Caquende e Capela do Saco,
pois ela para entre 12/14hs. Antes de sair de S.S. da Vitória, fizemos uma
parada quase que obrigatória no Rei do Pão de Queijo (o que eu comprei era
recheado com pernil). Guardamos o pão de queijo para comer no caminho e
seguimos para Caquende, que é uma pequena vila com alguns artesãos que fazem
escultura em pedra sabão. Chegamos e atravessamos a balsa por volta de 11hs. Do
outro lado da Represa dos Camargos, já em Capela do Saco, paramos na Pousada
Reis para comer os pães de queijo e tomar um refrigerante. Seguimos depois
direto para Carrancas. A serra antes da cidade é uma atração à parte. É toda de
rocha, com uma areia muito branca que até parece uma praia. Aqui não se pedala,
empurra a bike montanha acima. Nesse ponto, o calor era muito grande. E o
Flavio pedalou quase que o tempo todo agasalhado dos pés ao pescoço,
literalmente. Encontramos um tipo de corredeira de água que terminava numa
caixa d’água. Paramos para beber, lavar o rosto e limpar as correntes das
bikes. Aqui o Alex acabou perdendo de vez seus óculos (o mesmo que ele havia
esquecido no ônibus no primeiro dia), o que ele só foi perceber quando tínhamos
quase chegado à Carrancas. Chegamos bem no nosso destino, mais ou menos às 17
hs. A pousada escolhida era muito bonita, do tipo rústica. Bem acolhedora. Mal
chegamos e o Luiz já estava sentado em um banco, rodeado de “loiras geladas”. O
Alexandre (proprietário) indicou o restaurante Massaroca, que fica na parte
superior da praça principal. Comemos muito bem. Só o Tuca e o Betinho é que
preferiram comer lanche no quiosque da praça. Quando eu, o Alex e o Antero
pagamos nossa conta, vimos que todos já tinham ido embora sem nos esperar.
Saímos do restaurante em direção à pousada. No caminho paramos num butequinho
que tocava sertaneja para tomar a famosa “saideira”. E foi um monte de Heineken com cachaça,
ouvindo Ventania cantando Cogumelos Azuis, que acabou virando a trilha sonora
de nossa cicloviagem (o Rafa conhecia a música e daí pra frente passou a cantar
pra todos). Fomos dormir um pouco “zuados”.
7º dia: dia livre em
Carrancas (04/07)
Como já estava determinado,
tiramos esse dia para descansar e conhecer um pouco as cachoeiras de Carrancas.
Bem cedo chegaram a Ana, a Drica e a Pat. Elas vieram de ônibus até uma
cidadezinha próxima e pedalaram uns 30 km para encontrar com a gente na
pousada. No caminho, elas foram acompanhadas por 3 cachorros durante todo o
percurso. Acordamos um pouco mais tarde nesse dia, lavamos as bikes,
lubrificamos as correntes e fomos a pé até uma cachoeira próxima. No caminho
fizemos uma reserva no restaurante Recanto para almoçar e assistir ao jogo
Brasil x Colômbia. Boa opção. Brasil 2 x 1, acompanhado de muitas caipirinhas. Um
pouco antes, eu vi o Betinho encostado em um poste, que me fez pensar que ele
não estivesse bem, por conta do diabetes. Mas era efeito da “marvada” mesmo. Após
o jogo, o local virou uma roda de samba. Como a Sandra ganhou o bolão, fomos
brindados por ela com várias rodadas de Heineken. Um dos cachorros que
acompanharam as meninas tinha montado acampamento na porta desse restaurante,
porém, ele desapareceu depois do jogo. Comemos um lanche à noite na praça e
fomos dormir, porque tinha pedal no dia seguinte. A Pat teve que ser “escorada”
para conseguir chegar na pousada, fora a “bronca” do Betinho em todos, pois no
dia seguinte teríamos uma jornada um pouco cansativa pela frente (a pousada
Candeias foi ótima. R$ 54,00 por pessoa).
8º dia: Carrancas/Cruzilia (05/07)
58 km
Esse trecho passa em frente à
Fazenda Traituba, que teria sido construída no século XIX para Hospedar D.
Pedro II. Segundo as pessoas locais, essa
fazenda hoje pertence ao filho do Lula e ao banqueiro Daniel Dantas. Por
relatos que colhemos na internet,
esse trecho da viajem seria um local onde não se encontra água nem lanche em
quase todo seu percurso, o que dificultaria um pouco essa travessia. Porém, bem
no meio do caminho, no local em que o guia do Olinto chama de Vista Alegre
(acho que no km 23,82) o Sr. Waldir está montando um bar de apoio aos viajantes,
onde conseguimos encontrar água e refrigerantes. Logo em seguida chegamos à
Fazenda Traituba. Trata-se de uma fazenda da época do império, que ninguém pode
chegar perto. Fotos só de longe. Seguimos direto para Cruzilia, onde ficamos na
Pousada Real (indicação do Alexandre Cicarelli, dono da pousada em Carrancas).
Fomos muito bem recepcionados pela atendente Cintia, que nos indicou também um
ótimo restaurante (o Lelinho). Aqui, cuidado na pousada. Cobraram até para
centrifugar as roupas que lavamos no tanque. Isso gerou um enorme bate boca.
Mas, tudo foi resolvido.
9º dia:
Cruzilia/Baependi/Caxambu/Pouso Alto (06/07) 62 km
Saímos cedo de Cruzilia em
direção a Baependi. Estava havendo comemoração pela beatificação de Nhá Chica.
O caminho foi muito tranquilo. Chegando em Caxambu a Drica e a Pat seguiram
para a rodoviária com destino a São Paulo, já deixando saudades. A Ana
continuou com a gente. Aqui tem que se tomar um pouco de cuidado com a
informação do guia (o bar do Joel é um butequinho de esquina, bem escondido,
que nem mais pertence a ele; esse é o ponto onde tem que entrar à esquerda,
subindo em direção a Pouso Alto). Na entrada da cidade há um hotel tipo 5
estrelas, muito bonito. Ficamos na Pousada Estrada Real, bem perto de uma praça
na entrada da cidade. Esse foi o hotel mais gelado de todo o caminho. Tivemos
que subir uns 3 lances de escada para guardar as bikes. Fomos comer na beira da
BR, no BR lanches. Ótima comida (PF e guaranita) e preço justo.
10º dia: Pouso
Alto/Itanhandu/Passa Quatro/Cachoeira Paulista (07/07) 65 km
Iniciamos nossa jornada em
direção a Itanhandu e Passa Quatro. Nessa cidade fizemos uma parada numa loja
de bike acima da média. Paramos na antiga estação de trem para as tradicionais
fotos e rumamos para Cachoeira Paulista. No caminho, é passagem obrigatória por
Garganta do Embaú e Bairro do Embaú. Pela altimetria constante do guia, nesse
ponto há uma descida de 16 km, o que fez com que eu o Luiz organizássemos um
pedal um pouco mais longo, em razão dessa descida. Porém, é uma pirambeira
muito perigosa. Em alguns trechos é necessário cuidado redobrado, dada a
inclinação do local. Como todos tivemos que descer muito devagar, isso fez atrasar
nossa chegada ao destino final. Mais um pouco à frente existe um sem número de
granjas, que apresenta um visual estranho ao local (fora o cheiro
característico e o barulho interminável dos frangos). Chegamos em Cachoeira
Paulista por uma estrada asfaltada, e tivemos que atravessar a cidade inteira
para chegar na Pousada Mantiqueira (R$ 50,00). Ótima pousada com excelente café
da manhã. Talvez o melhor de todo o circuito. Ao lado da pousada havia um tipo
de feirinha/quermesse onde à noite comemos sanduiche de pernil. Estava tudo
muito bom.
11º dia: Cachoeira
Paulista/Lorena/Guaratinguetá (08/07)
32km
Não acordamos muito cedo
nesse dia. Logo na saída, optamos por parar numa bicicletaria próxima à
pousada, porque minha bike estava sem freios e as pastilhas que eu levei não
encaixavam direito. Coisas da China. O Rubens da bicicletaria penou para
ajustas, mas a sugestão do Betinho foi precisa: põe uma pastilha nova com uma
usada. Ficou perfeito. O Flavio aproveitou a parada e trocou o movimento
central da bike dele, enquanto que o Alex passava uma água em todas as bikes.
Isso tudo atrasou um pouco nossa viagem. Passamos por fora de Lorena e seguimos
para Guaratinguetá. Logo após Lorena, começou uma leve chuva que complicou
demais nossa jornada. Como não chovia há tempos nessa região, essa pequena
chuva fez a poeira alta que havia na estrada se transforma num tipo de pasta de
lama, que acabou grudando na parte baixa do quadro e no pedivela das bikes, o
que quase fez a todos empurrar a bike por alguns quilômetros. Era obrigatório
limpar os pneus e o quadro a cada 50 metros. Impossível de pedalar. Nesse ponto
da viagem, a Marina, mulher do Flavio, veio de São Paulo nos encontrar em
Guará. Chegamos todos enlameados na porta do Hostel (R$ 55,00). Eu e o Alex
começamos a lavar todas as bikes, porque tinha muito barro grudado. Como eu
havia trocado recente o cubo da roda traseira, a roda desalinhou inteira nesse
dia. Fui até uma bicicletaria na mesma rua e o cara alinhou a roda na hora.
Parei todo enlameado num tipo de mercearia do lado e o Luiz, dono do local, me
chamou para tomar uma cachaça e bater papo. Comprei cerveja para todos e combinamos
de assistir o jogo Brasil x Alemanha ali mesmo. Tomamos banho e fomos ver o
jogo. A Ana, mulher do Luiz, preparou uns pães de batata e uma panceta para
vermos o jogo. Vimos só o primeiro tempo. No intervalo, depois da tragédia que
se aproximava (7 x 1), fomos comer num dos únicos restaurantes (meia boca) que
permaneceu aberto na hora do jogo. Passamos na Igreja de Santo Antonio e fomos
para o Hostel dormir.
12º dia: Guaratinguetá/Cunha (09/07)
47 km
Fomos cedo para Cunha. A Ana teve
que retornar para São Paulo, indo para a rodoviária. A Marina seguiu de carro
para Cunha levando nossa bagagem. Esse trajeto é todo feito por asfalto. O
tempo estava bom e chegamos em Cunha por volta de 15hs. Muita subida. A Marina
arranjou uma ótima pousada (Pousada Vila Rica, R$ 50,00). Depois de ajeitar
nossas coisas e tomar banho, fomos de carro para uma churrascaria que fica no
portal da cidade (Churrascaria Portal). R$ 34,00 por pessoa. Os gaúchos abriram
a casa só para nós. Comemos muito bem. No início da noite começou a chover, o
que nos deixou muito preocupado com o último dia de nossa viagem, já que havia
uma incógnita em relação à descida para Parati, pois ninguém sabia como estava
o local.
13º dia: Cunha/Parati (10/07)
46 km
Acordamos cedo e o tempo
estava horrível. Chovia fraco, mas constante. E fazia um pouco de frio. Durante
o café da manhã chegamos a desistir de seguir em frente. Porém, depois que o
Tuca conversou com um guia local, decidimos tocar para Parati, para encerrar
nossa tão sonhada viagem. Como ninguém conhecia esse trecho, e pelos relatos
que lemos na internet (todos falavam das dificuldades que íamos enfrentar), a
Marina optou por ir por outro caminho, e nós seguimos pelo trecho direto para
Parati. Muita subida na parte asfaltada até a divisa São Paulo/Rio de Janeiro.
Dali pra frente é uma descida de 23 km. A primeira parte era de lajota,
perfeitamente assentada, sem muita inclinação. Tudo muito bonito e organizado.
Ao fim da lajota, o caminho vira terra batida, bem pavimentada. Chovia constantemente
nesse trecho, e fazia muito frio. Todo mundo de capa. Mais à frente, a estrada
se tornava uma verdadeira trilha, ótima para mountain bike, íngreme, com muitas pedras e poças. Devido ao frio
intenso, fizemos uma parada no único butequinho que existe na descida. Cachaça
e Gabriela (pinga com cravo e canela) para todos, para espantar um pouco o
frio. Logo depois começa o trecho asfaltado que vai até a cidade de Parati.
Chegamos na cidade eufóricos, com as ruas alagadas. Fomos direto até a igreja
principal e depois até uma igrejinha que existe de frente para o mar. Foto
tradicional de conclusão do pedal. O odômetro da bike do Antero marcava 591 km.
Para quem achava que a Laura não iria conseguir completar o percurso inteiro,
ela estava ali, toda sorridente e feliz – como todos nós. Depois de muitos
abraços e alguns soluços, fomos para a pousada que a Marina, o Flavio e o Rafa
iam ficar. Acho que eram 16hs. Nosso ônibus ia sair só as 23h30minhs. O dono da
pousada foi muito legal e permitiu que todos tomassem banho lá. Depois do frio,
um ótimo banho quente. No restaurante que existe nos fundos da pousada, fizeram
um caldo verde no fogão de lenha, que acabou de vez com nosso frio e fome,
lógico que com a ajuda de uma cachaça de Parati, uma das melhores de todo o
caminho. À noite, a chuva já havia parado e fomos para a rodoviária por volta
das 10hs. No embarque houve uma certa tensão, pois o motorista queria que as
bikes estivesses encaixotadas e com as notas fiscais. Depois de muita conversa,
tudo certo, bikes no maleiro e todo mundo dormindo, sonhando com tudo o que
passamos nessas duas maravilhosas semanas.
Esse é meu relato dessa
maravilhosa viagem. Obrigado a todos que participaram dessa inesquecível e tão
sonhada aventura.
Escrito por Fábio (Tarzan).
2 comentários:
Amigos Bikers,valeu cada centímetro de pedal que fiz na companhia de todos,sem duvida fomos um grupo unido somando alegria ,felicidade, companheirismo e respeito em toda a viagem,me sinto privilegiado por estar com esse grupo e conhecer lugares que são históricos e marcantes,Estrada Real é gratificante porque é nosso,é no meu País e não perde para nenhum lugar porque não tem só blza e sim historia, na Estrada Real,o biker não tem molesa,ciclovia,ciclofaixa,luxo,e mordomia,tem perrengue, subidas interminaveis tem de tudo,mais junto com esse grupo só tivemos alegrias,valeu galera agora será nossa segunda etapa,CAMINHO DOS DIAMANTES, essa será mais uma do nosso grupo que vai para historia.a todos um forte abraço e estamos juntos e fechados para mais uma aventura...TUCA.!
PS. o guia ja esta comprado ,,ok
Que esperiência maravilhosa , parabéns pela organização e disciplina.
Meu sonho é fazer uma aventura dessas.
História para contar aos filhos e netos , a estrada é a vida ..e a vida é a estrada..e aí se vive de verdade sentindo as dores e o gosto da vida ....
Feicidades a todos !
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